maldito transgressor

maldito transgressor
A hipnose é tão aconchegante...
O costume a inércia...
A responsabilidade em ser inteiro adormecida...
A verdade miando lá fora na chuva...
A Televisão que faz o tempo passar tão rápido e confortável...

Não ouço mais os gritos seus
Não ouço mais os gritos meus
Não ouço mais os gritos
Não ouço mais
Não ouço
Não
Ñ
~

HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pesquisa de personagem

A leitura de "Mare Nostrum" do ator Fauzi Arap, indicada pelo Cris Karnas, me deu grandes felicidades hoje.

Fauzi conta do alívio ao ler Clarice Lispector. Como se sentiu compreendido, como se Clarice lhe devolvera a identidade.

Penso nos meus encontros com artístas parceiros ou com obras e artístas que não pude conhecer pessoalmente mas me permitiram fruir de suas expressões e me encontrar nelas: Galeano, Pessoa, Bilac, Nietzsche e agora, o próprio Fauzi.

Uma sensação de nos sentirmos menos sós em alguns acreditares. O encontro com esses parceiros que hoje escolhi para esse processo e o alívio por me reconhecer nas idéias e nos olhares deles.

Seguindo a leitura ele ainda conta sobre seus "desencontros" com alguns famosos diretores: José Celso e Antunes. E fala de Boal: "Sua forma de dirigir na época era capaz de despertar, com delicadeza, a iniciativa e a criatividade de cada ator, sem violência, e de mobilizar em cada um aquilo que ele tinha de melhor"...  Sobre a maneira dele trabalhar e a sensação para com o seu "método":  ..."como se eu tivesse encontrado uma rede de segurança para ousar e voar, pleno, na pesquisa das emoções do diálogo." 

E mais adiante encontro uma constatação dele (Fauzi) sobre Clarice: Após o primeiro encontro dos dois ele vai embora, mas volta pois havia esquecido o roteiro na casa dela. Ela então devolvendo o roteiro se desculpa pelo encontro ter sido tão "intenso" e que da próxima vez falariam de assuntos mais leves e corriqueiros. Fauzi escreve: "...ali eu testemunhava um primeiro indício de alguma coisa que eu viria a descobrir ser uma espécie de autocensura que ela praticava para tentar caber no mundo de todos".

Com essa fala Fauzi me fez lembrar de uma fala do Mandela que me marcara muito tempos atras:

“Nosso medo mais profundo
não é o de sermos inadequados.
Nosso medo mais profundo
é que somos poderosos além de qualquer medida.
É a nossa luz, não as nossas trevas,
o que mais nos apavora."

E com essa imagem de Clarice, dentro de toda sua genialidade em comunicar sua "luz" e fazer fruir tantos, ainda se medir no cuidado de não "passar" e tentar de alguma forma "caber no mundo de todos", eu expliquei pra mim mesmo um dos fios mais importantes que me faltava costurar nesse ser poeta Zé.


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