maldito transgressor

maldito transgressor
A hipnose é tão aconchegante...
O costume a inércia...
A responsabilidade em ser inteiro adormecida...
A verdade miando lá fora na chuva...
A Televisão que faz o tempo passar tão rápido e confortável...

Não ouço mais os gritos seus
Não ouço mais os gritos meus
Não ouço mais os gritos
Não ouço mais
Não ouço
Não
Ñ
~

HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

sábado, 3 de abril de 2010

Avner


http://www.avnertheeccentric.com/


TRECHO DA ENTREVISTA DO AVNER FEITA PELO BALLAS:

Márcio Ballas - É um ponto principal, fazer rir?
Avner - É uma pergunta interessante, e uma das mais recentes sobre o palhaço. A relação com a platéia é como uma relação de amor, de início, palhaço e público estão se conhecendo, é a primeira vez, então você quer causar uma boa impressão. Mas se começar a contar um monte de piadas, é demais. É preciso ir devagar, desenvolvendo o interesse. É muito como uma relação amorosa.

Márcio - Você tem mestres que o ajudaram na vida, que o ensinaram, o inspiraram?
Avner - Lecoq, claro, ele é o primeiro. E o Carlos Mazzone, que também foi aluno do Lecoq, e quem começou a Art School of Physical Comedy na Califórnia. Outra influência é Milton H. Erickson, que é da terapia hipnótica, e a filosofia do seu trabalho é incrível. Eu também sou estudante de aikido, o que me ajuda muito na comunicação com a platéia, física e emocionalmente. E estudo mágica, com muitas pessoas... E minha mãe, meu pai...

Márcio - Você conhece o Aziz Gual, do México? Ele tem uma coisa que é interessante: acha que existem diferentes tipos de risada, a risada que vem daqui (cabeça), daqui (peito), daqui (barriga)... O que você acha?
Avner - Eu ri porque lembrei as lições de Carlos sobre aqui, aqui e aqui (cabeça, peito e barriga): em grego, a cerveja é da barriga, o uísque da cabeça e o vinho do coração. Eu acho que a relação com a platéia tem que ser um diálogo com quem você ainda não conhece. É como conhecer uma nova pessoa: se você tem uma idéia, um jeito que quer que ela seja, nunca funciona. Pra mim, esse é o ponto da relação, tem respeito, gentileza e um senso de conforto.

Márcio - O espetáculo que nós vimos ontem, Ecceptions to Gravity, é o mesmo que você me mostrou há 10 anos. Quantos anos ele tem?
Avner - 35 anos. É uma evolução.

Márcio - Eu fico encantado de ver que o espetáculo acontece no momento e é único apesar de ser o mesmo em 35 anos. O relacionamento acontece naquele momento, a brincadeira, o entrosamento entre você e a platéia. Ontem havia 400 pessoas, mais ou menos. Como é representar sem poder olhar nos olhos de cada um da platéia, mas mesmo assim se apresentar de uma maneira tão doce, tão sutil?
Avner - Você finge. Você finge que consegue vê-los, e eles fingem que são vistos. Você interpreta para mil, duas mil pessoas. Como você poderia fazer isso? Bom, as pessoas do fundo vêem um espetáculo diferente daquelas da frente. Essa é a técnica, saber mudar o tamanho. O tamanho da respiração, para que a comunicação vá para todo o teatro. Quando você trabalha com iniciantes, eles dizem que as luzes machucam seus olhos. Bom, se machucam seus olhos, estão no lugar certo mesmo se queixando de não poder ver a platéia. É um constante diálogo, no início da carreira você se esforça, se esforça...e um dia você consegue ver apesar da luz e receber os aplausos.

Márcio - Alguns palhaços pedem muito por aplausos.
Avner - Você não deve nunca, nunca, pedir aplausos. Voltando à nossa analogia: é como estar com alguém pela primeira vez, e ficar querendo que a pessoa te diga o quanto gosta de você. Se fizer isso, ficará sozinho nessa noite. É assim no palco também. Deixe que eles façam o trabalho deles. Se eles gostarem de alguma coisa, irão aplaudir. E aí você agradece.

Márcio - É que às vezes eles podem não aplaudir.
Avner - Mas tudo bem se eles não aplaudirem! É interessante, e se você tem atitude, não importa se eles riem ou não. Eles começarão a ir com você, e então terá risadas. Mas se você disser a eles que precisam rir agora, no momento em que você não está fazendo nada, então não confiarão em você e ficarão longe...

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