maldito transgressor

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A hipnose é tão aconchegante...
O costume a inércia...
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A Televisão que faz o tempo passar tão rápido e confortável...

Não ouço mais os gritos seus
Não ouço mais os gritos meus
Não ouço mais os gritos
Não ouço mais
Não ouço
Não
Ñ
~

HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Piolim



                          
                                  Um breve relato sobre a vida de Abelardo Pinto: “Mestre Piolim”.

Seu pai Galdino Pinto, circense brasileiro, nasceu no interior do estado de São Paulo, de pais fazendeiros. Estudou na cidade de Rezende no Rio de Janeiro, e foi nesta cidade, durante um espetáculo circense que assistiu, que se apaixonou por uma atriz. O resultado é que acabou por ir embora com o circo, tornando-se mais tarde ele próprio um homem de circo. Tornou-se proprietário do Circo Americano, onde teve início sua dinastia.

A dinastia Galdino Pinto tem como seu membro mais ilustre seu filho Abelardo Pinto, o famoso Palhaço Piolim. Nasceu em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo em 27 de março de 1897.

Abelardo Pinto viveu sua infância dentro do circo, envolvido nas mais diferentes atividades. Seu treinamento teve início desde muito cedo, e aprendeu as modalidades de ciclista, saltador, casaca de ferro, acrobata e contorcionista, tendo se destacado nesta última enquanto criança. Aos oitos anos de idade apresentava-se no circo de seu pai como “o menor contorcionista do mundo”. Mesmo obtendo sucesso, o menino Abelardo não gostava de suas exibições, como revela mais tarde em seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som: “Com oito anos fazia um contorcionismo primário, que só criança pode fazer”.
        

Em entrevista dada ao Jornal Folha de São Paulo em 1957, diz:

“Não fui como os outros meninos, que entravam no circo por baixo do pano. Nasci dentro dele e levava uma vida que causava inveja aos outros garotos. Eu, do meu lado, tinha inveja deles. Eles tinham uma casa, tinham seus brinquedos comuns e podiam ir diariamente à escola. Eu começava a freqüentar um colégio e o circo se transferia. Lá ficava eu sem escola”.*

Revela ainda ao mesmo jornal que seu sonho era ser engenheiro, queria construir casas, pontes, estradas e castelos. Construiu apenas castelos de sonhos de muita gente. “Sou, de qualquer maneira, um engenheiro e estou feliz com isso.”**


O circo Americano estava sem seu principal numero: o palhaço havia ido embora. Então. O Sr. Galdino Pinto foi a São Paulo com o intuito de tentar conseguir um substituto. O filho Abelardo, diante dessa situação, resolveu assumir a profissão de palhaço e sobre essa decisão revela mais tarde – “Pensei: se ele fez, eu também posso fazer palhaçadas”.***

A partir deste momento, o Circo Americano adquire um artista que seria, mais tarde, aclamado como “O Imperador do Riso”.

O “Palhaço Piolim” – apelido dado por uns artistas espanhóis que, ao verem o pequeno trabalhador Abelardo, diziam que ele parecia um “piolim” (barbante muito fino) – surgiu em 1918. Uma outra versão da história, contada pelo Jornal Folha de São Paulo, diz que o apelido foi devido a um favor que Abelardo fez ao um cômico e músico violinista espanhol que se apresentou com ele em um espetáculo beneficente da Cruz Vermelha: a corda do violino do espanhol quebrou-se em cena e Abelardo correu para o camarim e trocou a corda quebrada, substituindo-a por uma de seu próprio violino.
* Jornal Folha de São Paulo, 1957.

** op. cit.

*** Depoimento ao MIS, 1970.






O espanhol, agradecido olhou para Abelardo e disse que ele se parecia um “piolim” (nome dado às cordas do violino). O menino aceitou o apelido e passou a ser chamado por ele. E seria com este apelido que, mais tarde, seria aclamado como um artista de grande importância na cena circense brasileira.

Circo Irmãos Rocha, que havia convidado o Palhaço Chicharrão para uma temporada, mas o artista estava envolvido com um contrato no Rio de Janeiro e não poderia aceitar o convite. Convidaram então o Piolim, que acabou assumindo o papel do palhaço excêntrico e enfrentando o público paulistano pela primeira vez e com muito sucesso. Em depoimento ao MIS, Piolim diz que Chicharrão foi um mestre para ele.

Uma característica do Mestre Piolim era o bom humor nas suas esquetes, segundo Maria Augusta da Fonseca:

“O ponto alto da verve gestual histriônica dos entremezes brincalhões, parece convergir, no Brasil dos anos 20, para a genialidade do Palhaço Piolim, a quem os modernistas de São Paulo prestigiaram e por quem tinham grande admiração”.*

E destaca ainda a importância do circo que, segundo ela,

“(...) não se resumia em fatos corriqueiros e de momento, mas se realizava no caráter social e estético, na criatividade e, principalmente, na figura do palhaço criada por Abelardo Pinto – Piolim”. **

Na sua visão crítica, a genialidade de Piolim estava também na criação de um tipo psicológico universal e ao mesmo tempo caracteristicamente brasileiro:

“A comicidade de Piolim evoca na gente uma entidade, um ser. E de tanto maior importância social que esta entidade converge para esse tipo psicológico geral e universalmente contemporânea do ser abúlico, do ser sem nenhum caráter predeterminado e fixo, do ser ‘vai na onda’.***

* Maria Augusta da FONSECA. Palhaços da Burguesia. p.31

** op. cit.p.35
*** op. cit. p.35






Sérgio Millet aponta, numa crônica transcrita no livro de Alexandre Eulálio, que o francês Blaise Cendrars, amigo de Paulo Prado, foi quem descobriu Piolim: “Cendrars freqüentou o grupo da Semana de Arte Moderna, descobriu Piolim: o maior palhaço do Brasil”.*

Menotti Del Pichia, falando de Piolim, comenta:

“Sua glória nasceu no picadeiro. O picadeiro é a crítica no palco democrático, isto é, a sagração plebiscitária das mais heterogêneas multidões. A arte teatral brasileira deve surgir daí, desse concurso de eleição onde vota o soldado, a criança, a cozinheira, o deputado, o escritor, o plutocrata”.**

O cidadão Abelardo Pinto, “Sr. Piolim” revelou na longa caminhada de construção de sua obra, a habilidade autêntica de um comunicador. Em seus textos de cena (piadas), revelava ao público os traços de sua cultura e seus costumes do cotidiano. Satirizava os conceitos sociais impregnados na vida das pessoas. Construía um mundo a sua volta e este mundo percorria caminhos, mesclando-se com idéias dos indivíduos do povo. É notória sua participação no desenvolvimento intelectual e artístico de milhares de crianças e adultos brasileiros. Entre conversas e encontros com pessoas do circo, vislumbramos uma compreensão da história de vida do Palhaço Piolim.





Este mestre utilizava a palavra como veículo de suas idéias. Piolim, pelo seu grande e bom senso de humor, trabalhava os seus roteiros de cena de picadeiro, incorporando piadas baseadas em circunstancias da vida do homem comum. Picardias, envolvendo as características do mundo da infância. Encenava os sofrimentos dos homens, de maneira global, satirizando a máscaras sociais menos favorecidas (mendigos, bêbados, etc).

Piolim trabalhou anos seguidos para concretizar os seus sonhos que sempre estavam baseados nos ideais de sua tradição circense, sempre pensando no repasse destas tradições e métodos para adeptos do circo.



* Alexandre EULALIO. A Aventura Brasileira de Blaise Cendrars. Apud Maria Augusta da FONSECA. Palhaços da Burguesia. p.31

** Menotti DEL PICHIA. O Modernismo no Brasil. Apud Maria augusta da FONSECA. Palhaços da burguesia. p. 37

Pelo seu caráter de líder e artista, junto à associação do circo do qual foi um dos incentivadores, instaurou práticas de luta pela manutenção e perpetuação da linguagem circense, chegando a ser exemplo para toda a comunidade circense, através da sistematização de suas técnicas circenses, servindo de parâmetro, até hoje, para novos aprendizes.

A história das artes brasileiras mostra o papel deste homem. A transformação que provocou na época chegou num reconhecimento nacional, quando da Semana da Arte Moderna no Brasil, em 1922.



Mestre em varias modalidades, revelou um talento especial também para a música e, como ator, realizou diversos trabalhos. Neste momento, próximo do ano 2000, é possível ainda vislumbrar os ensinamentos preconizados por ele, nas artes cênicas, nas artes plásticas e nas artes corporais, sem falar de centenas de animadores de lazer cultural de Brasil que elegem traços das características de Piolim como ponto de partida para a busca da linguagem pessoal.

No mundo do circo hoje, os novos palhaços tentam utilizar o instrumental idealizado por Piolim, mas este é um caminho que nem todos conseguem percorrer, pois este artista, como cidadão brasileiro, foi exemplo de criatividade e sensibilidade. Os seus ideais de vida estavam abrigados sob a lona do circo e nos horizontes férteis do cotidiano humano.



Desde cedo, Piolim já revelava sua capacidade de comunicador social. Foi um seguidor de suas tradições familiares, um incansável ator, sempre repensando junto ao seu público, os valores de sua época.

No ano de 1971, o Sr. Waldemar Seyssel, o Palhaço Arrelia, organizou um evento nacional e internacional*, que teve por objetivo homenagear Piolim com um “colarinho de ouro”. A vida de Piolim foi marcada por inúmeras homenagens, segundo consta nos documentos, assim como em vídeo que se encontram no Museu da Imagem e do Som de São Paulo e do arquivo do Jornal Folha de São Paulo.

* O evento foi promovido pelo Circo do Arrelia, em conjunto com a Associação dos Artistas de Espetáculos de Diversão de São Paulo e a Prefeitura de São Paulo.

Piolim teve três filhos de dezesseis netos. Ele sempre dizia que ser palhaço no Brasil não era grande coisa em razão da falta de amparo.

O grande sonho de Piolim foi criar uma escola de circo. Não conseguiu ver seu desejo concretizado. Faleceu no ano de 1973, aos 76 anos. A escola foi aberta em 1978 e levou o seu nome. Quando morreu morava em um velho camarim de madeira, com pintura, roupas, onde passava o dia todo só, recordando épocas passadas no velho circo da Freguesia do Ó, onde durante muitos anos brilhou o Circo Piolim.




A CARACTERIZAÇÃO DO PALHAÇO PIOLIM

Piolim, figura lendária que por mais de cinqüenta anos reinou, com maestria, no “teatro do povo”. Sua caracterização foi sempre a mesma fisionomia, os mesmos traços físicos – vivos e sublimes. Sua indumentária era composta de um jaquetão maior do que o seu tamanho – bem exagerado, sapatos nº 84, bico largo e sua famosa bengala, que mais parecia um “anzol de pescar submarino”. Piolim, emergido de seu colarinho “impossível”, com a bengala há vinte e cinco anos, pela milésima vez repetia as velhas piadas que divertiram nossa infância. “O Namoro dos Sabiás”, cena tradicional de Piolim, um intérprete genial, sucesso há meio século, conforme acervo do Jornal Folha de São Paulo.





Pode-se dizer que a obra circense que Abelardo Pinto construiu é o seu palhaço. Em diversas pesquisas de campo, ao longo de 14 anos, nos deparamos com a figura de Piolim sendo interpretada por diversos animadores culturais. O lazer foi uma das fontes por nós, eleita para pesquisar as técnicas por ele preconizadas.

Piolim através de sua obra atingiu várias esferas do povo brasileiro: o campo da linguagem cênica, da alfabetização escolar, da televisão brasileira, da diversão para a terceira idade, dos arte-educadores atuantes na área de lazer esportivo.






- Respeitável Público... Boa Tarde... Porque o Circo vai Começar...

Quem pode se esquecer deste gostoso cumprimento, acompanhado da característica música da bandinha circense?

É com muita saudade que me recordo das matinés aos domingos, quando ia com meu pai ou com minha tia ao Circo do Piolim, nos idos anos 50.

Instalado numa quadra da Avenida General Olímpio da Silveira, entre as ruas Olímpia Prado e Lopes de Oliveira, onde ele permaneceu por muitos anos, desde que veio do Beco do Largo Paissandu, onde se instalara nos anos 30, todas as pessoas que passavam na rua ou nos bondes, não podiam deixar de ver aquela lona que caracterizava o seu Circo Mambembe, como se chamava os circos de lona, onde se apresentava e morava com toda a família.


A foto dos dois quadros a óleo do circo mambembe, são a visualização de como eles eram, para quem não os conheceu.  

No chão batido de terra, os carrinhos de pipoca, algodão doce, pirulito e machadinho, disputavam a freguesia da entrada, após a compra do bilhete na bilheteria.

À medida em que chegávamos, íamos entrando e nos instalando nas poltronas da platéia como era chamada, rodeando o picadeiro. Essas cadeiras eram de madeira tipo poltrona sem estofamento e cujo assento dobrava, para aumentar a passagem entre elas quando não havia ninguém sentado.

Contornando a lona havia as arquibancadas, umas quatro ou cinco fileiras de tábuas compridas de madeira colocadas em forma de degraus sem encosto, onde as pessoas sentavam e chegavam quase na lona do teto e que chamávamos de puleiro, pois lembrava um puleiro de galinheiro.


Pendendo do teto da lona estavam os trapézios que eram o top das atrações, com seus trapezistas vestidos em trajes coloridos e brilhantes de lantejoulas, fazendo piruetas incríveis no ar, eu os adorava.

O programa sempre começava com o desfile de toda a companhia, com a presença de todos os artistas: malabaristas, ginastas, mulher de borracha, os domadores e treinadores de animais, os mágicos, os equilibristas, os trapezistas, as dançarinas, os artistas que encenavam mini peças, os músicos e... os maravilhosos palhaços, sempre em grupinhos, entravam já fazendo brincadeiras, piruetas e cabrioladas para o delírio da garotada e atrás de todos, o maior deles: o Piolim.




Vestindo seu terno com uma incrível e gigantesca gola, onde existia uma pequena gravata borboleta, a inseparável cartola preta e a grossa bengala, arrancava gritinhos de felicidade de todos os presentes... enquanto as crianças gritavam: Piolim, olha eu aqui... ou cuidado com o Pinatti, com seu chapeuzinho cone, (seu parceiro na época, era seu pai), olha o que ele está fazendo... pois, sem dúvida ele estava sempre armando alguma pra cima do Piolim... que estava sempre distraído... e caindo na dele...

Meu Pai me contou na época, que o verdadeiro nome do Piolim era Abelardo Pinto, de família tradicional circense, era filho de Galdino Pinto, também palhaço, pois toda a família trabalhava nesse circo junto com ele.

Nascido em 27 de março de 1897 na cidade de Ribeirão Preto, estreou na cidade de São Paulo quando ainda era menino, junto com seu pai, em 17 de maio de 1913 e tornou-se tão famoso que o Dia Nacional do Circo é comemorado em sua homenagem na data de seu nascimento!

Sua filha a atriz Ana Ariel acostumou-se desde cedo com o aplausos, pois aos sete anos já brilhava no picadeiro com seu pai e, estreou na TV em 1968, na novela “Sangue e areia”, fazendo diversos trabalhos e novelas da Rede Globo até sua morte em fevereiro de 2004, e o palhaço Figurinha atualmente com 82 anos era genro do Piolim.

Com os olhos pregados nos palhaços, assistíamos às suas irreverências, mastigando pipocas e amendoins.



Às vezes eles interagiam com a platéia jogando um chapéu ou alguma coisa que depois vinham pegar, pediam para que as crianças escondessem do outro e a colaboração era total...

Outras vezes ele planejava entrar no lugar do trapezista e fazia tudo muito bem feito, pois era excelente cômico, acrobata, ginasta e equilibrista, mas, claro que o seu número acabava sempre com ele despencando ou se metendo em alguma embrulhada com a chegada do ator principal... e as crianças vibravam quando ele conseguia escapar da confusão ou fugir da encrenca.

Devido à sua grande qualidade profissional, foi homenageado por intelectuais, escritores e artistas como Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Guilherme de Almeida e o italiano Pitriguilli*, entre outros, e participou de movimentos artísticos em São Paulo, como A Semana de Arte Moderna de 1922 sendo denominado o "Rei dos Palhaços".

Abelardo foi apelidado de Piolin, por um espanhol que lhe disse não achar possível que se tornasse um palhaço, pois era muito magro e tinha as pernas muito finas, parecendo piolim, que significa barbante. No Rio Grande do Sul, a linha que empina pandorga (papagaio) também é conhecida por "piola" ou "piolim", acredito que se deva o fato a influencia da língua espanhola dos vizinhos Argentina, Paraguai e Uruguai.


Na foto ao lado, original de Rosenfeld, extraída do livro "Teatro Brasileiro", de Clóvis Levi, vemos Piolim na encenação de "Piolim vai à Guerra", em 1930, realmente ele era bem magrinho e baixinho.

Um dia para a tristeza de muitos, desapropriaram o terreno do circo, e ele foi intimado a deixar o local...

Foi uma comoção geral no bairro, ele ficou tão triste que pensamos que não conseguiria superar a tristeza, mas, nada se pode fazer e ele teve de ir embora dali, apesar que durante muitos anos nada se fez ali.

O vazio do terreno abandonado com as marcas deixadas por muitos anos da lona e das pessoas que ali passaram horas felizes, não nos deixava esquecer o vazio dos nossos corações e a saudade daquele homenzito.

Anos depois, ali se construiu um prédio enorme que funciona atualmente como Bingo e na outra parte da construção esteve abandonada e inacabada até o ano passado de 2003!

Ele foi chamado a se apresentar na TV e tentou se instalar em outro local mas, não deu mais certo... sua presença havia ficado impregnada no terreno da General Olimpio...

Morreu em 1973 aos 76 anos, preocupado com o futuro do circo, pronunciando esta frase pouco antes de morrer:

"O circo não tem futuro, mas nós, ligados a ele, temos que batalhar para essa instituição não perecer"

O que realmente ele conseguiu pois hoje existe uma Escola de Circo que leva o seu nome e as nossas lembranças.

Redijo aqui a Poesia de João José Correa:

O palhaço

Do meu tempo de criança,
Quanta lembrança! ... a mais doce,
Talvez fosse a mais singela
E a mais bela — a do Piolin!...
Ele era assim ... encantado! ...
Palhaço desengonçado
Que tanto fazia rir! ...
Sua bengala ... sua peruca ...
Sua cuca tão carequinha! ...
E sua linda cachorrinha,
Puxada pela coleira,
Toda tchan, toda matreira,
Que nunca o abandonava
E saltava, quando ouvia:
— Pula, Fia! ... pula, Fia! ...
Hoje bateu uma saudade
Danada, daquela idade
Tão linda e despreocupada
Que passou tão de repente,
E a gente nem percebeu.
Fui feliz? Realizei
Os sonhos com que sonhei? ...
Eu busquei o que devia,
Ou lutei por quase nada?
Algum dia eu fiz sorrir
A platéia que me via?
Não sei bem o que diria! ...
Só sei que... — inveja danada
De quem representa, e bem,
Seu papel no picadeiro,
Deste mundo complicado,
Em troca de quase nada! ...
Por falar em gente assim,
Que fim teria levado
Meu encantado Piolin? ...

* O escritor italiano Pitriguilli não existe. Acredita-se que seja o apelido de Dino Segre. Frases dele:
"Só se preocupa com matar o tempo quem não percebe que o tempo o está matando".
"As rosas não tem outro dever na vida que serem belas".
"Poetas são engarrafadores de nuvens".



Um comentário:

  1. Belíssimo texto sobre um importante personagem!
    O Piolin também foi personagem de figurinhas, colecionadas por muita gente nos idos dos anos 1930 e 40. Estou inclusive, à procura de alguém que possua tal álbum do Piolin. Alguém sabe me indicar onde encontrar essa raridade?
    Se souberem, me avisem, por favor: camilajsantana@gmail.com

    Parabéns pelo artigo!
    Camila.

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